sábado, 27 de julho de 2013

O BRASIL E O CONCEITO “i”


No mundo acadêmico dos universitários e pesquisadores, principalmente nos cursos de formação técnica, é muito comum um estudante iniciar um experimento num semestre, acompanhar o andamento do objeto de estudo e colher os dados somente no semestre seguinte. Por exemplo, numa faculdade de agronomia, o aluno começa um teste de integração milho com capim em setembro, mas só vai ter os resultados em março ou abril, que é quando o milho já foi colhido e as medições de campo foram feitas e analisadas. Então, como o professor precisa fechar as notas do semestre até dezembro, com o experimento do aluno ainda sem os resultados finais, o estudante recebe como avaliação o conceito “i”, que significa “incompleto”.
Esse conceito é perfeitamente aceitável no universo acadêmico, pois o aluno entregará o trabalho concluído no semestre seguinte e fará de tudo para merecer uma boa nota como avaliação final. Mas – e esse “mas” sempre me irrita – quando saímos para a vida prática, para a realidade do nosso País, o conceito “i” parece estar presente em quase tudo. Quando olhamos para o nosso agro, os exemplos de incompletude são gritantes. Temos os melhores índices de produtividade do mundo em algumas culturas, mas o Estado não oferece estradas para que o produtor escoe a produção. Tornamo-nos um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, mas não temos portos aparelhados o suficiente para atender os navios mercantes que formam filas enormes, gerando custos altíssimos por causa das altas taxas diárias que são cobradas diariamente para cada navio que fica esperando para atracar no porto.
Na área de energia o grito é mais alto ainda. Enquanto nos países desenvolvidos fica cada vez mais evidente o conceito do uso de múltiplas fontes energéticas – e da substituição crescente de combustível fóssil por fontes renováveis ou limpas -, aqui no Brasil, com a descoberta do Pré-sal, a produção de etanol e do biodiesel são esquecidas pelo Governo Federal – usinas de cana e de biodiesel estão fechando pela ausência de políticas claras e consistentes.
Para onde olhamos, vemos projetos que são iniciados com euforia, mas o ciclo não fecha. Já passou da hora de conduzirmos com firmeza nossos projetos de Nação – isso mesmo, com “N” maiúsculo. Já está na hora de mostramos para nós mesmos que o conceito “i” é apenas uma fase do processo e não regra para execução de projetos. Chega de jogar dinheiro público no ralo com ações “incompletas”, com obras “inacabadas” e principalmente com atitudes “impensadas”.
Um agro-abraço!
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