No
mundo acadêmico dos universitários e pesquisadores, principalmente nos cursos
de formação técnica, é muito comum um estudante iniciar um experimento num
semestre, acompanhar o andamento do objeto de estudo e colher os dados somente
no semestre seguinte. Por exemplo, numa faculdade de agronomia, o aluno começa
um teste de integração milho com capim em setembro, mas só vai ter os
resultados em março ou abril, que é quando o milho já foi colhido e as medições
de campo foram feitas e analisadas. Então, como o professor precisa fechar as
notas do semestre até dezembro, com o experimento do aluno ainda sem os
resultados finais, o estudante recebe como avaliação o conceito “i”, que
significa “incompleto”.
Esse
conceito é perfeitamente aceitável no universo acadêmico, pois o aluno entregará
o trabalho concluído no semestre seguinte e fará de tudo para merecer uma boa
nota como avaliação final. Mas – e esse “mas” sempre me irrita – quando saímos
para a vida prática, para a realidade do nosso País, o conceito “i” parece
estar presente em quase tudo. Quando olhamos para o nosso agro, os exemplos de
incompletude são gritantes. Temos os melhores índices de produtividade do mundo
em algumas culturas, mas o Estado não oferece estradas para que o produtor
escoe a produção. Tornamo-nos um dos maiores exportadores de alimentos do mundo,
mas não temos portos aparelhados o suficiente para atender os navios mercantes
que formam filas enormes, gerando custos altíssimos por causa das altas taxas
diárias que são cobradas diariamente para cada navio que fica esperando para
atracar no porto.
Na
área de energia o grito é mais alto ainda. Enquanto nos países desenvolvidos
fica cada vez mais evidente o conceito do uso de múltiplas fontes energéticas –
e da substituição crescente de combustível fóssil por fontes renováveis ou
limpas -, aqui no Brasil, com a descoberta do Pré-sal, a produção de etanol e
do biodiesel são esquecidas pelo Governo Federal – usinas de cana e de
biodiesel estão fechando pela ausência de políticas claras e consistentes.
Para
onde olhamos, vemos projetos que são iniciados com euforia, mas o ciclo não
fecha. Já passou da hora de conduzirmos com firmeza nossos projetos de Nação –
isso mesmo, com “N” maiúsculo. Já está na hora de mostramos para nós mesmos que
o conceito “i” é apenas uma fase do processo e não regra para execução de
projetos. Chega de jogar dinheiro público no ralo com ações “incompletas”, com
obras “inacabadas” e principalmente com atitudes “impensadas”.
Um agro-abraço!
///
Nenhum comentário:
Postar um comentário