Pelas fazendas deste Brasil adentro, os finais de tarde geralmente nos presenteiam com conversas agradáveis, carregadas de informalidade e em alguns casos com uma boa dose de curiosidade. Não foi diferente naquela hora do tereré, numa beira de curral numa fazenda de Bandeirante, no Mato Grosso do Sul.
O mate fazia a roda sob o comando do seo Juca, velho peão, já aposentado e que há tempos passou as rédeas para o filho mais velho. Era meio de outubro e por onde a gente olhava era capim seco para tudo quanto é lado. Como não poderia deixar de ser, alguém puxou o assunto prô lado da estiagem. Fazia mais de cinco meses que não se sentia cheiro de chuva. E falar do tempo é tema preferido do seo Juca. Conhecedor das mazelas do clima do centro-oeste, com a sabedoria de quem conduziu comitivas pelo Pantanal e planalto por mais de 60 anos, a observação fez de seo Juca um climatologista prático. Prático no sentido mais radical da palavra.
Seo Juca contou sobre as longas estiagens e das históricas enchentes do Pantanal, como a de 1966. De cuia em cuia, o tereré levou alguém a discursar sobre as atuais mudanças climáticas e as causas das grandes catástrofes contemporâneas. Outro contou que viu na televisão o urso polar ilhado num bloco de gelo cercado por água em tudo que é lado por causa do derretimento do Pólo Norte. O seo Juca escutava atento, absorvendo as informações novas. Foi quando o patrão, seu Djalma começou a explicação sobre o fenômeno El Niño e suas conseqüências para o clima no mundo.
O sol vermelho daquele fim de tarde parecia uma bola de fogo no horizonte, e destacava mais ainda o dourado do braquiarão no pasto. Capim tão seco e esturricado que dava medo só de pensar numa fagulha de sol escapar do céu pr’aquele mundo de invernada virar carvão e cinza.
Foi quando a guampa do tereré voltou para as mãos do velho peão e alguém aproveitou para pedir a opinião do seo Juca sobre os fenômenos climáticos e as forças que regem a natureza dessas coisas do tempo. Seo Juca foi categórico: “Sabe, quando São Pedro mandava era tudo certinho. Setembro prá outubro vinha chuva. De março para abril, começava o estio. Agora com esse tal de “Helinho” mandando de uns tempos prá cá ficou tudo bagunçado. Esse “Helinho” não sai da televisão, só falam nele. E a culpa é dele do tempo estar desse jeito que a gente não entende mais.”
No alto da sua sabedoria e tão radical quanto dourado fisgado na rodada, sentenciou: “São Pedro precisa voltar”.
Talvez, na cabeça do seo Juca, o fenômeno El Niño faça parte de outro universo, e ele achou de desancar o tal do “Helinho” para proteger sua devoção ao antigo São Pedro.///
O mate fazia a roda sob o comando do seo Juca, velho peão, já aposentado e que há tempos passou as rédeas para o filho mais velho. Era meio de outubro e por onde a gente olhava era capim seco para tudo quanto é lado. Como não poderia deixar de ser, alguém puxou o assunto prô lado da estiagem. Fazia mais de cinco meses que não se sentia cheiro de chuva. E falar do tempo é tema preferido do seo Juca. Conhecedor das mazelas do clima do centro-oeste, com a sabedoria de quem conduziu comitivas pelo Pantanal e planalto por mais de 60 anos, a observação fez de seo Juca um climatologista prático. Prático no sentido mais radical da palavra.
Seo Juca contou sobre as longas estiagens e das históricas enchentes do Pantanal, como a de 1966. De cuia em cuia, o tereré levou alguém a discursar sobre as atuais mudanças climáticas e as causas das grandes catástrofes contemporâneas. Outro contou que viu na televisão o urso polar ilhado num bloco de gelo cercado por água em tudo que é lado por causa do derretimento do Pólo Norte. O seo Juca escutava atento, absorvendo as informações novas. Foi quando o patrão, seu Djalma começou a explicação sobre o fenômeno El Niño e suas conseqüências para o clima no mundo.
O sol vermelho daquele fim de tarde parecia uma bola de fogo no horizonte, e destacava mais ainda o dourado do braquiarão no pasto. Capim tão seco e esturricado que dava medo só de pensar numa fagulha de sol escapar do céu pr’aquele mundo de invernada virar carvão e cinza.
Foi quando a guampa do tereré voltou para as mãos do velho peão e alguém aproveitou para pedir a opinião do seo Juca sobre os fenômenos climáticos e as forças que regem a natureza dessas coisas do tempo. Seo Juca foi categórico: “Sabe, quando São Pedro mandava era tudo certinho. Setembro prá outubro vinha chuva. De março para abril, começava o estio. Agora com esse tal de “Helinho” mandando de uns tempos prá cá ficou tudo bagunçado. Esse “Helinho” não sai da televisão, só falam nele. E a culpa é dele do tempo estar desse jeito que a gente não entende mais.”
No alto da sua sabedoria e tão radical quanto dourado fisgado na rodada, sentenciou: “São Pedro precisa voltar”.
Talvez, na cabeça do seo Juca, o fenômeno El Niño faça parte de outro universo, e ele achou de desancar o tal do “Helinho” para proteger sua devoção ao antigo São Pedro.///
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