sábado, 26 de fevereiro de 2011

VIRA ARTE



Espaço alternativo no bairro de Pinheiros, o restaurante COMO ASSIM... é um misto de museu, galeria, ateliê e loja


As garrafas, um dia eu até posso vir a pendurar, mas a câmera, sei não, creio que será companheira até os últimos momentos.///

REALEJO




Seu Cido e realejo na Praça Benedito Calixto, em São Paulo

Crianças e moçoilas românticas não resistem ao velho realejo. O equipamento é um orgão de fole que toca uma música predefinida, geralmente valsas ou polcas. O tocador gira uma manivela e o equipamento produz o som. Na parte de cima dos foles geralmente tem uma casinha com alguma espécie de papagaio treinado para tirar bilhetes com mensagens futuristas, geralmente de conteúdo positivo.///

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O EMPALHADOR








Paraíbano de Lagoa Grande, município a menos de 200 km da capital João Pessoa, nascido Leonildo Bernardino da Silva, o Léo, trabalha há quase 20 anos como empalhador e restaurador de cadeiras. O ofício, aprendeu com o irmão mais velho, o Manoel, que já morreu mas deixou o discípulo.
Ele pode ser encontrado todos os dias - "só quando chove que não tô aqui" - numa esquina do bairro do Morumbi, próximo a TV Bandeirantes.
O Léo carrega além da arte, a tradição de uma profissão em extinção. Quase já não encontramos empalhador por aí. Ele conta que usa várias matérias-primas para empalhar as cadeiras, tem uma imitação em plástico, tem a "palhinha" nacional feita de fios de algodão e "revestida com um segredo, igual da Coca-Cola, que é só uma né. Essa palhinha feita em Indaiatuba (interior paulista) tem esse segredo no revestimento que ninguém sabe como faz". E tem a palhinha verdadeira "feita da casca de uma árvore da Indonésia e que custa R$ 750,00 o quilo. Para trançar o encosto e assento de uma cadeira é preciso 150 gramas de fibra".
O Léo é super gente boa e gosta muito do que faz. Se você está precisando de um empalhador, liga pra ele, (11) 9877-8814.///

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

SÃO PEDRO PRECISA VOLTAR

Céu de Goiás, região de Jataí, novembro de 2010. Foto: Mauro Nogueira



Pelas fazendas deste Brasil adentro, os finais de tarde geralmente nos presenteiam com conversas agradáveis, carregadas de informalidade e em alguns casos com uma boa dose de curiosidade. Não foi diferente naquela hora do tereré, numa beira de curral numa fazenda de Bandeirante, no Mato Grosso do Sul.

O mate fazia a roda sob o comando do seo Juca, velho peão, já aposentado e que há tempos passou as rédeas para o filho mais velho. Era meio de outubro e por onde a gente olhava era capim seco para tudo quanto é lado. Como não poderia deixar de ser, alguém puxou o assunto prô lado da estiagem. Fazia mais de cinco meses que não se sentia cheiro de chuva. E falar do tempo é tema preferido do seo Juca. Conhecedor das mazelas do clima do centro-oeste, com a sabedoria de quem conduziu comitivas pelo Pantanal e planalto por mais de 60 anos, a observação fez de seo Juca um climatologista prático. Prático no sentido mais radical da palavra.
Seo Juca contou sobre as longas estiagens e das históricas enchentes do Pantanal, como a de 1966. De cuia em cuia, o tereré levou alguém a discursar sobre as atuais mudanças climáticas e as causas das grandes catástrofes contemporâneas. Outro contou que viu na televisão o urso polar ilhado num bloco de gelo cercado por água em tudo que é lado por causa do derretimento do Pólo Norte. O seo Juca escutava atento, absorvendo as informações novas. Foi quando o patrão, seu Djalma começou a explicação sobre o fenômeno El Niño e suas conseqüências para o clima no mundo.
O sol vermelho daquele fim de tarde parecia uma bola de fogo no horizonte, e destacava mais ainda o dourado do braquiarão no pasto. Capim tão seco e esturricado que dava medo só de pensar numa fagulha de sol escapar do céu pr’aquele mundo de invernada virar carvão e cinza.
Foi quando a guampa do tereré voltou para as mãos do velho peão e alguém aproveitou para pedir a opinião do seo Juca sobre os fenômenos climáticos e as forças que regem a natureza dessas coisas do tempo. Seo Juca foi categórico: “Sabe, quando São Pedro mandava era tudo certinho. Setembro prá outubro vinha chuva. De março para abril, começava o estio. Agora com esse tal de “Helinho” mandando de uns tempos prá cá ficou tudo bagunçado. Esse “Helinho” não sai da televisão, só falam nele. E a culpa é dele do tempo estar desse jeito que a gente não entende mais.”
No alto da sua sabedoria e tão radical quanto dourado fisgado na rodada, sentenciou: “São Pedro precisa voltar”.
Talvez, na cabeça do seo Juca, o fenômeno El Niño faça parte de outro universo, e ele achou de desancar o tal do “Helinho” para proteger sua devoção ao antigo São Pedro.///