sábado, 15 de novembro de 2008

Da diáspora à resistência

Terno de congo Minas Brasil, mais de 120 anos de tradição.

Deixa o munho muê,
deixa o munho muê; ribeirão.
Trovão é quem manda chuva,
que segura esse capoeirão.
Quadra de verso clássica entre os cânticos congadeiros, de domínio popular e autor desconhecido, onde a palavra moinho apresenta a corruptela para a forma munho.


Treze de maio de 2008, 6h30. Vila Celeste, bem próximo ao centro de Uberaba. Um grupo de costureiras, artistas plásticos e apoiadores, formam um batalhão que dá forma e vida para a grande festa. É um vai e vem constante no corredor improvisado como oficina de costura e produção de adereços na casa de Tia Luzia, líder espiritual da Umbanda, matriarca que dita as ordens e impõe-se pelo respeito e autoridade que tem entre os membros do clã Mapuaba, tradicional família descendente de escravos africanos e residentes no Triângulo Mineiro há mais de 120 anos.
O ruído das máquinas de costura se mistura com o bater de martelos, diálogos e risos. Do tacho borbulhante no fogão vem o cheiro do ensopado que toma conta do galpão, invade todo o ambiente com aroma de ervas e desperta até mesmo o mais sonolento paladar nessas primeiras horas da manhã.
É uma grande oficina familiar. Mãos hábeis e firmes produzem o fardamento para os oficiais e soldados que, dali à algumas horas, vão mostrar toda a exuberância dos Ternos de Congada Minas Brasil I e II durante o cortejo do Treze de Maio. É dia de festa!

Nenhum comentário: