segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Cheiro Verde

Comida mais barata e ao alcance das mãos


Por Tobias Ferraz


Um dos grandes temas em discussão nos encontros internacionais tem o pomposo nome de “autonomia alimentar”, que nada mais é do que a produção do próprio alimento sem ter de depender de terceiros. Quer coisa mais antiga do que uma horta no quintal? Pois é, a ideia não é nova, mas o conceito tem algumas inovações e até mesmo algumas urgências onde o município é território principal para a implantação de ações.


Em muitas cidades do Brasil e do mundo encontramos farta experiência na produção de alimentos, dentro dos conceitos de agricultura urbana e periurbana, ou seja, em áreas centrais e periféricas do município. Esta produção pode acontecer de várias formas, entre elas a horta educativa, pedagógica, implantada dentro de uma escola, com monitor e apoio técnico. A horta escolar é uma oportunidade de aprendizado para os alunos e reforço na qualidade da merenda, oferecendo alimentos frescos e saudáveis para as crianças e jovens. As escolas que têm espaço ao ar livre, subutilizado ou sem utilização, podem abrigar os canteiros, que além da produção de alimentos oferecem oportunidades para as aulas de todas as disciplinas. Diante de um canteiro temos a utilização da geografia, da matemática, da química, da biologia, da física, da economia e tantas outras áreas do conhecimento.


Outro espaço muito utilizado para implantação das hortas urbanas são as áreas embaixo dos linhões da rede elétrica, geralmente espaços revestidos com gramado ou jardinagem e que podem ser facilmente transformados em canteiros produtivos para a produção de alimentos.


Avançando um pouco mais, é possível desenvolver políticas públicas locais, com geração de emprego e renda para as populações vulneráveis ou carentes. O trabalho com a horta necessita de mão-de-obra e a produção pode ser comercializada de várias formas: diretamente no local ou destinada para os sacolões e mercados do município.


Numa etapa mais adiantada, a horta urbana pode evoluir para uma associação ou cooperativa, formas de organização que trazem uma série de vantagens para a comunidade, como por exemplo a compra de equipamentos, sementes e adubo, em grandes quantidades e melhor preço.


Os produtores rurais também devem entrar no Plano Municipal de Autonomia Alimentar (PMAA), com a sua experiência e conhecimento na produção de frutas, cereais, legumes e verduras. O levantamento de dados sobre a produção local e o cruzamento das informações sobre os produtos que os varejistas buscam no Ceasa e Ceagesp, pode apontar novas oportunidades para os produtores rurais. Eles podem planejar o suprimento de alguns alimentos que vêm de fora, e passar a produzir localmente. Dessa forma, a cenoura que vem de São Gotardo, na Região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, ou a banana prata que vem de Jaíba no Norte de Minas, bem como algumas frutas que chegam de Petrolina,no Norte do Rio São Francisco em Pernambuco,  e que necessitam de transporte por centenas de quilômetros, teriam os seus preços reduzidos com a produção local.


Um exemplo bem sucedido de horta urbana é desenvolvido pela ONG Cidades Sem Fome ( www.cidadessemfome.org  ) que desde 2004 produz alimentos sem agrotóxicos em São Mateus, na Zona Leste da cidade de São Paulo.


Para finalizar, as hortas urbanas, periurbanas e rurais devem adotar cada vez mais as formas de produção agroecológica, que vão muito além do que simplesmente plantar e colher, trazendo também uma série de fundamentos do bem viver.


Já pensou em implantar uma horta na sua casa ou no seu bairro? Pode ser uma boa proposta para o seu Ano Novo com uma vida nova.


Um abraço frondoso pra todo mundo.